December 31, 2010

It's freakin' awsome and beat Avatar's box office! | O nota 10 que já bateu 'Avatar'!


*WATCH THE TRAILLER WITH ENGLISH SUBTITLES!*

Spending my vacations in Brazil, I finally watched the Brazilian film "Tropa de Elite 2" (Elite Squad 2), the biggest blockbuster of all times in my country and selected for Sundance in 2011. I've never felt so proud of a Brazilian film. It's wonderfully written, well directed and freaking good edited. It's perfect! I wish I could've worked on it!

Honestly, if it doesn't win the Oscar next year, I have no idea what else could win.

This month the movie beat the box office of "Avatar" in Brazil. More than 11 million viewers. Yesss!



Nas minhas férias de final de ano no Brasil, finalmente assisti ao "Tropa de Elite 2", o maior sucesso de todos os tempos no país e selecionado para Sundance em 2011. Nunca me senti tão orgulhosa de um filme brasileiro. É maravilhosamente escrito, bem dirigido e bem editado. É perfeito! Eu gostaria imensamente de ter trabalhado nele!

Sinceramente, se não ganhar o Oscar ano que vem, não sei o que pode ganhar mais.

Este mês o filme bateu a bilheteria de "Avatar" no Brasil. Mais de 11 milhões de espectadores. Yesss!

December 19, 2010

I've never studied screenwriting, should I go to Nyfa? | Nunca fiz curso de roteiro, devo ir pra Nyfa?

Gabriela,

First of all, congratulations on the blog, a beacon to guide Brazilians adventurers wishing to face the Hollywood jungle in search of their dreams.

I have a huge interest in pursuing a career as a screenwriter. I am passionate about movies and especially about Brazilian soap operas.

I haven't been on any acreewriting course, just count on the knowledge acquired in Syd Field's and Doc Comparato's books. I'd like to know details about Nyfa's 8-week screenwriting course in LA. I'd also like to know if it's feasible to do so, from the standpoint of technique, someone like me who wants to work on the Brazilian television market.

Thank you for listening.

Rafael
Hi, Rafael:

Thanks for the compliments. I'll answer you with a question: have you ever re-read a classic book you've read as a teenager and had a completely different experience from the previous one? You could see and understand things that you couldn't before?

I believe studying at NYFA will be exactly the same thing. I don't know details of this course, because I study filmmaking, but all Nyfa courses are intense -- and include both beginners and people who already have previous knowledge. But those who have previous experience can take more advantage of the lessons, in my opinion, because they can clearly discern what is important and basic, from what is advanced ad precious. Those people won't be overwhelmed by tons of information in a short period of time. Nothing prevents a beginner from reaching all objectives, sure, but he/she will have to struggle more.

You should also consider the cost-benefit in your decision. It's almost like you're looking to buy a BMW just to learn how to drive, isn't it? Why not practice first in a Fiat Palio and invest your money after learning the basics, on an upgrade?

From what I understand, you live in Campinas city. Just an hour from you, at the capital, São Paulo, there are good courses that cost less than 10% of you'll need to come to LA. Check AIC, for example. I studied creative writing there and it was quite fruitful. (They have the screenwriting course too). Another place to check is O_Barco. They have workshops with great writers. Another option is the Dramatic Arts Center of Sesi. Each year, they select a group of beginners and train them for free, including bringing in professionals from the UK to teach, through an agreement with the British Council. There are free lectures open to the public as well.

Keep in mind that I'm not saying these things to discourage you. On the contrary. But if you want to become a professional, you must know the market in which to insert yourself -- and you have to meet people, network is key!

Becoming a writer is something that takes time. First you learn how to say things, to tell a story following techniques. Then, you have to figure out (on your own) what you want to tell the world, what stories you want to tell. This is the hardest part. Therefore, it is a profession that combines techniques and emotional/intellectual maturity. Unless you have already achieved this, an 8-week course probably will not take you there. I'm still on this journey, after years of continued study.

But to make your life easier, here is the recipe to be a good writer: 1) Practice as much as possible, always write. 2) Get one or more victims (LOL) that know screenwriting to read and critique honestly what you have produced. 3) Be humble and listen without criticism retort, then rewrite several times until it gets good, according to what was said.

PS: The best environment to find these vitims is at a screenwriting course. There, you'll also be able to compare what you write with what others create. You may find you need to work much harder than you thought. Or your natural talent may surprise you, who knows?

Hugs and good luck,

Gabriela


Gabriela,

Primeiramente, parabéns pelo blog, um verdadeiro farol a orientar os aventureiros brasileiros que desejam incursar na selva Hollywoodiana em busca de seus sonhos.

Tenho um enorme interesse em seguir a carreira de roteirista. Sou apaixonado, por filmes, séries e, principalmente,telenovelas.

Ainda não fiz nenhum curso especifico de roteiro, apenas conto com o conhecimento adquirido em livros como o do Syd e do Doc Comparato. Gostaria de saber detalhes sobre o curso de roteiro da NYFA em L.A, em especial o de 8 semanas, e se seria viável faze-lo, do ponto de vista da técnica, alguém como eu que pretende atuar no mercado brasileiro (em especial o de televisão).

Agradeço a atenção.

Rafael
Oi, Rafael:

Obrigada pelos elogios. Vou te responder com uma pergunta: você já releu um livro clássico que tinha lido quando era adolescente e teve uma experiência completamente diferente da anterior? Você conseguiu perceber e entender coisas que antes haviam passado batido?

Então, estudar na Nyfa vai ser exatamente a mesma coisa, acredito eu. Não conheço detalhes desse curso, porque estudo filmmaking, mas todos os cursos aqui são intensos -- e contemplam tanto iniciantes quanto pessoas que já têm uma bagagem. A diferença é que quem tem experiência prévia (e domínio do inglês) consegue tirar melhor proveito das aulas, na minha opinião, porque já consegue discernir claramente o que é importante, mas básico, do que é avançado. A pessoa não vai ficar soterrada em toneladas de informação num curto período de tempo. Nada impede que o iniciante alcance todos os objetivos propostos, mas vai ter que se esforçar muito mais.

Você deve considerar ainda o custo-benefício na sua decisão. É quase como se você estivesse querendo comprar uma BMW pra aprender a dirigir, entende? Porque não praticar primeiro em um Fiat Palio e investir suas fichas posteriormente em um aprimoramento?

Pelo seu DDD, deduzo que você seja de Campinas ou cidade adjacente. Em São Paulo capital, há bons cursos, nos quais você pode investir menos de 10% do que vai precisar pra vir pra LA. Veja a AIC, por exemplo. Estudei escrita criativa lá e foi bem proveitoso. (Eles têm o curso de roteiro também). Outro lugar pra checar é o_barco. Eles têm oficinas com roteiristas e escritores de primeira linha. Outra opção é o Núcleo de Dramaturgia do Sesi. Eles selecionam anualmente um grupo de iniciantes e treinam essas pessoas gratuitamente, trazendo inclusive profissionais do Reino Unido para dar aulas, através de um convênio com o British Council. Há palestras gratuitas abertas ao público também.

Tenha em mente que não estou dizendo essas coisas pra te desanimar. Pelo contrário. Mas se você quer se tornar um profissional, tem que conhecer o mercado em que pretende se inserir -- e tem que conhecer gente, fazer contatos na área.

Tornar-se roteirista é algo que leva tempo. Primeiro você aprende como dizer as coisas, como contar a história seguindo técnicas. Daí, você tem que descobrir (por conta própria) o que quer dizer ao mundo, que história quer contar. Essa é a parte mais difícil. Portanto, é uma profissão que une técnica e maturidade emocional/intelectual. A não ser que você já tenha alcançado isso, um curso de 8 semanas provavelmente não vai te levar até lá. Eu mesma ainda tou nessa jornada, depois de anos de estudo contínuo.

Mas pra facilitar a sua vida, aí vai a receita pra ser um bom roteirista: 1) Pratique o máximo que puder, ou seja, escreva sempre. 2) Arranje uma ou mais cobaias que entendam de roteiro pra ler e criticar sinceramente o que você produziu. 3) Seja humilde e ouça as críticas sem retrucar, depois reescreva várias vezes até ficar bom, de acordo com o que foi dito.

PS: O melhor ambiente pra encontrar essas cobaias é em um curso de roteiro. Lá você vai inclusive poder comparar o que você escreve com o que os outros criam. Talvez você descubra que precisa se esforçar muito mais do que imaginava. Talvez você se surpreenda com o seu talento natural, quem sabe?

Bjs e boa sorte,

Gabriela

December 13, 2010

Can I study at Nyfa without a College degree? | Posso estudar na Nyfa sem ter graduação?

Hi, Gabriela,

I want so badly to study at NYFA, but I don't have a degree. Could I take the course of one year without having graduated?

I spoke to NYFA. They sent me a magazine that explains all courses, but I wanted to talk to someone who studies there, to know how things happen, so I found your blog.

I plan to go to NY early next year (2011). I want your advice. What do you think about me trying to go to NY to study film without having a degree in Brazil? And the financial issue, is it worthwhile? Is it very expensive to live in LA? Can we work to support ourselves while studying?

Please answer me. It is a pleasure to talk to someone that has the same dream as mine.


Fernanda

Hi, Fernanda:

NYFA has courses for all profiles, including for students who have no degree. In fact, Nyfa has a three-year bachelor course. The most important thing is to have a good level of English and, preferably, some knowledge about cinema, to facilitate the intensive learning that the school provides (check more on that here).

However, it was unclear to me what is your focus. In your email, you mention that you always thought in studying Architecture and now you work doing illustrations, after studying Visual Communication. Do you want to be a director? A writer? A cinematographer? Do you want to work as a storyboarder? Or do you want to be an art director/production designer? Do you want to work with animation? These are all things that unite cinema and your pre-existing interests.

NYFA's courses focus primarily on writing, direction, cinematography and editing. We also practice something of production and production design in our projects, but the emphasis is on the issues I mentioned first. Therefore, you have to evaluate whether this is just what you want. Of course learning is always beneficial, and even if you decide to follow an area not covered by the course, it is still valid to know the basic functioning of each film segment.

But if you want to be a production designer - that is art director, for Brazilians - there is a school called AFI here in Los Angeles, which has a specific course for that, which lasts two years. I do not have much information. But I know is very reputable and has a very strict selection, from what I've heard. Sorry but I have no knowledge about New York schools.

Cinema is not an activity that requires a diploma, but you must have thorough knowledge of film history, storytelling, visual language, philosophy and psychology, among other things. That is, you ough to enjoy studying. So a person who is considering doing a one year course because has no patience for studying four years at college is quite wrong - I believe this is not your case.

Working while studying is out of question because we have classes generally 8 hours per day and extra-class activities thereafter. It is a life of complete dedication to studying and learning (see more here).

In the FAQs section, there are other answers to your doubts. Please, take a peek there.

Good luck!



Oi, Gabriela,

Tenho mta vontade de estudar na Nyfa, mas ainda não tenho uma graduação. Será que poderia fazer o curso de 1 ano sem ter feito graduação?

Já falei com a Nyfa. Eles me mandaram uma revista que fala de todos os cursos, mas eu quero conversar com alguém que estuda lá, pra saber como as coisas acontecem, por isso encontrei seu blog.

Planejo ir para NY no começo do ano que vem (2011). Quero seus conselhos. Vc acha bom eu ir pra NY tentar estudar cinema sem ter feito uma graduação no Brasil? E a questão financeira se compensa, se é muita caro viver em LA, se dá pra trabalhar pra se sustentar enquanto estuda?

Por favor me responda. É um prazer falar com alguém q tenha o mesmo sonho q o meu.

Fernanda

Oi, Fernanda:

 A Nyfa tem cursos para todos os perfis, inclusive para quem não tem graduação. Inclusive, eles têm o curso de graduação, que dura três anos. O mais importante é dominar o inglês e, preferencialmente, ter algum conhecimento sobre cinema, para facilitar o aprendizado intenso que a escola proporciona (veja mais sobre isso aqui).

No entanto, não ficou claro pra mim qual é o seu foco de interesse. No seu email, você menciona que sempre pensou em cursar arquitetura e que hoje trabalha fazendo ilustrações, depois de estudar comunicação visual. Você quer ser diretora? Roteirista? Cinematógrafa? Quer trabalhar em cinema fazendo storyboards? Ou quer ser diretora de arte? Quer trabalhar com animação? Tudo isso são coisas que unem cinema e os seus interesses pré-existentes.

Os cursos da Nyfa focam principalmente em roteiro, direção, cinematografia e edição. Praticamos também algo de produção e direção de arte nos nossos projetos, mas a ênfase é nos temas que eu citei primeiro. Portanto, avalie se é isso mesmo que você quer. Claro que o aprendizado sempre será proveitoso e, mesmo que você resolva seguir por uma área que não é coberta pelo curso, não deixa de ser válido você conhecer o funcionamento dos segmentos básicos do cinema.

Mas se você quer ser diretora de arte -- ou seja, production designer --, existe uma escola chamada AFI aqui em Los Angeles, que tem um curso específico pra isso, com duração de dois anos. Não tenho muitas informações. Mas sei que é bastante conceituada e tem uma seleção bastante rígida, pelo que ouvi dizer. Não sei se tem cursos assim em Nova York.

Cinema não é uma atividade que exija diploma, mas é necessário ter conhecimento profundo de história do cinema, técnicas narrativas, linguagem audiovisual, filosofia e psicologia, entre outras coisas. Ou seja, tem que gostar de estudar. Então uma pessoa que pensa em fazer um curso de um ano porque não tem paciência de estudar quatro em uma faculdade está redondamente enganada -- acredito que esse não seja o seu caso.

Trabalhar enquanto estuda está fora de questão, porque temos aula geralmente 8 horas por dia e atividades extra-classe depois disso. É uma vida de dedicação absoluta ao estudo e aprendizado (veja mais aqui).

Na seção FAQs há outras respostas pralgumas dúvidas que você parece ter. Dá uma olhadinha lá.

Boa sorte!

December 12, 2010

Brazilian director gets rid of Hollywood distributors and distributes his blockbuster himself | Padilha dispensa distribuidor americano e comercializa filme ele mesmo

Tropa de Elite 2 (Elite Squad 2) is a sequel about Captain Nascimento, in charge of a special unit to fight drug traffic in Rio de Janeiro slums. His methods are highly questionable, like torture and massive killing. He has also to deal with corruption inside police. The first film won the Golden Bear in Berlin (2008). This sequel was already seen by 11 million people, being the most seen movie in Brazilian history. It is selected for Sundance 2011. The script is written by the Brazilian Braulio Mantovani, Academy Award nominee for "City of God" (2002).

On this interview, the director of the biggest Brazilian blockbuster ever, José Padilha, tells why he has decided to distribute the film on his own instead of hiring one of the major Hollywood distributors that dominate the Brazilian film market.
US versus BRAZIL

"In Brazil, the producer is the most at risk in the process of producing a movie, he's the one that comes with the most money. So it doesn't make sense that we pay a high fee for distributors or leave everything in their hands, like commercial rights. In the U.S., the film is financed by distributors. So it makes sense that money from the sale of the film go to the account of the distributor, for him to retrieve his money first. But in Brazil the producer should control the revenue of the film. And if he uses a distributor, he pays this guy and not vice-versa. So I decided to ride in my producing a distribution infrastructure to jump this chain link."

"A distributor is more than an intermediary. He holds the commercial rights of films, decides how much to invest in marketing, how many theaters will show the film. He has a portfolio of films and not necessarily is interested in screening your film. The "Elite Squad 2" was screened in several movie theaters. Some major distributor would have shown the film in as many rooms? I don't know. And another question: where the distributor earns more? In a Brazilian film that he will screen or an American one that he distributes? It is likely that he favors the U.S., if he earns more. This will be one more reason for us to look closely at this alternative model."

MERCHANDISING

"I have already received a large number of proposals to make videogames, dolls and I refused all. I don't want my film, which has a serious social content, turned into a game that encourages children to shoot."



Ótima entrevista com José Padilha, diretor do megasucesso nacional "Tropa de Elite 2", publicada pela revista Época Negócios:

“A ascensão da classe média impulsiona o cinema no Brasil”, diz José Padilha

O diretor de Tropa de Elite acredita que o cinema é, dentre as indústrias criativas, a mais cara e arriscada e, por isso, precisa de tanto incentivo. Confira a entrevista com o cineasta

Por Raquel Salgado

Shutterstock; Folha Imagem
José Padilha dirige uma cena de Tropa de
Elite 2. Nos bastidores, o cineasta procura um
novo modelo para a indústria cinematográfica
Sentado em cadeira, com um dos pés apoiados sobre a mesa numa das salas de sua produtora, um sobrado no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, o cineasta José Padilha, disse a Época NEGÓCIOS que o cinema é, dentre as indústrias criativas, a mais cara e arriscada. E, por isso, segundo ele, depende tanto de incentivos fiscais. Mas Padilha, que é formado em administração de empresas, afirma que o sucesso de filmes como Tropa de Elite 1 e 2 está ajudando o cinema brasileiro a se sustentar como negócio e, aos poucos, caminhar mais com as próprias pernas.

Além disso, o progresso tecnológico, que ajuda a baratear os custos de produção e de distribuição dos filmes, aliado à ascensão da classe média como um forte consumidor de produtos de lazer, na opinião do cineasta, tende a impulsionar o cinema brasileiro nos próximos anos. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Época NEGÓCIOS -Você se vê como um homem de negócios?
JOSÉ PADILHA - Minha primeira preocupação ao fazer um filme é o que vou dizer e com quem vou falar através dele. Se faço um filme como o Garapa (documentário lançado em 2008), que é para poucas pessoas que debatem o tema da fome no Brasil, desde o começo sei que é um filme de arte, vai gerar pouca receita e precisa de incentivo fiscal. Então não vou correr risco com ele, porque é um filme “anti-econômico”. Mas isso não significa que não vou me dedicar a ele. Porém, como por um acaso minha técnica de filmar e meu estilo caíram no gosto de um público grande, com o Tropa de Elite, entrei em contato com o lado comercial do cinema. Isso é bom, porque minha empresa precisa sobreviver para que eu possa fazer cada vez mais filmes. Então, quanto estou filmando, sou 100% cineasta. Quando não, participo mais do lado administrativo e de negócios da produtora.

EN- Tropa de Elite 2, além de ter sido um sucesso de bilheteria, movimentou outros negócios, como a venda de camisetas e livros. É uma forma de potencializar lucros?
JP- Sim, mas no Brasil ela ainda é irrisória e nem fomos nós que comercializamos isso. O cinema não pode depender desse tipo de receita. Até porque isso não acontece com todo filme. No Tropa de Elite, em particular, já recebi um número grande de propostas para fazer videogames, bonecos e recusei todas. Eu não quero que meu filme, que tem um conteúdo social sério, vire um videogame que estimule as crianças a darem tiros.

EN- Por que você decidiu montar uma estrutura para distribuir o filme, ao invés de ter um distribuidor externo?
JP - No Brasil, é o produtor quem corre mais risco no processo de produção de um filme, pois é o que entra com a maior parte do dinheiro. Então não faz sentido pagarmos uma taxa alta para os distribuidores nem deixarmos tudo na mão deles, como todo o direto de comercialização. Nos Estados Unidos, o cinema é financiado pelos distribuidores. Então faz sentido que o dinheiro da venda do filme entre na conta do distribuidor, para ele se pagar primeiro. Eu acho que no Brasil quem deveria controlar a receita do filme é o produtor. E se ele usa um distribuidor, então ele paga esse cara e não vice-versa. Então resolvi montar dentro da minha produtora uma estrutura de distribuição para pular esse elo da cadeia.

EN - No fim das contas, esse novo modelo de distribuição gerou mais lucro?
JP - Sim, porque um distribuidor é mais do que um intermediário. Detém o direto de comercialização dos filmes, decide quanto vai investir em marketing, em quantas salas vai exibir o filme. Ele tem uma carteira de filmes e não necessariamente tem interesse em passar seu filme. O Tropa de Elite 2 foi exibido em muitas salas. Alguma grande distribuidora teria exibido o filme em tantas salas? Não sei. E tem outra pergunta: onde a distribuidora ganha mais? Num filme brasileiro que ela vai exibir ou num filme americano distribuído por ela mesma. É provável que ela privilegie o americano, se ganhar mais. Essa á mais uma razão para a gente olhar com atenção para esse modelo alternativo.

EN - O cinema é, no Brasil, o segmento da economia criativa com a maior estrutura de incentivos. Por que isso acontece?
JP - O cinema é uma indústria criativa que, na média, é mais cara do que as outras. É mais caro fazer um filme do que um DVD, do que um site na internet, ou um CD de música. O risco envolvido no empreendimento é alto. Tanto que só existem dois lugares no mundo onde cinema é rentável sem incentivo fiscal: Estados Unidos e Índia, com Bollywood. Nos outros lugares, de um jeito ou de outro, o cinema é incentivado. A França faz isso, a Inglaterra, a China, o Japão, o Canadá, o Brasil. Nesses países, o cinema existe por uma decisão deliberada de que é necessário fazer cinema, porque através dele se exporta cultura, modo de vida, marcas. Por exemplo: as pessoas compram a calça jeans que o herói americano usa. Acho que é uma política acertada. Mas também acho que, aos poucos, é importante tornar o cinema o mais economicamente viável possível sem ou com menos incentivos.

EN - Quais os maiores entraves para que o Brasil exporte seus filmes?
JP - A língua é uma barreira. Mas ela é para todos os países, menos para o cinema americano. Eu não sou a favor de que o Brasil faça filmes em inglês. Afinal, queremos exportar a nossa cultura e a língua faz parte dela. Acho que bons produtos, bons filmes, viajam apesar da diferença de língua. Temos exemplos como Cidade de Deus, Central do Brasil e o próprio Tropa de Elite.

EN - Para crescer mais o cinema brasileiro precisa fazer sucesso também em outros países?
JP - Não acho que o cinema no Brasil deva ser orientado para o mercado internacional. O mercado nacional vale mais em termos de receita. Se paga menos por esse tipo de filme lá fora porque, sendo legendado, é apenas mais um entre centenas. Aqui não, ele é feito sob demanda para o público brasileiro. Acho que à medida que fizermos filmes com mais recursos, mais qualidade técnica e melhor dramaturgia, é provável que se consiga preços maiores para exportar. Há outro detalhe: normalmente muitos filmes são exportados empacotados. O distribuidor compra dez, vinte filmes para lançar em outros países. O crescimento do volume de produção vai nos ajudar a empacotar e exportar isso.

EN - Qual a perspectiva para o cinema brasileiro como negócio nos próximos anos?
JP - Acho que é muito positiva. Além de, tecnicamente, os filmes estarem melhores, a ascensão da classe média trouxe um novo público aos cinemas. Junto a isso, o avanço das novas tecnologias tem ajudado a reduzir os custos de distribuição dos filmes, o que poderá impulsionar ainda mais o setor.

EN - Qual o impacto da massificação do uso da internet no mercado de cinema?
JP - O cinema perde um pouco de espaço porque as pessoas podem baixar muita coisa e assistir em casa. Mas, nos Estados Unidos, já há uma mudança no padrão do consumo de cinema. Neste ano, a receita do setor foi maior do que em 2009, mas o número de tíquetes vendidos foi menor. Significa que estão cobrando mais caro. Começaram a fazer grandes espetáculos, salas diferenciadas, exibição em 3D. E aí é possível cobrar mais pelo ingresso. Aqui isso vai demorar para acontecer, porque estamos em um estágio anterior: temos uma grande quantidade de pessoas que ainda não tem acesso ao cinema. Precisamos ainda aumentar o número de salas de exibição.

December 07, 2010

Learning from Ron Howard in person | No tête-a-tête com Ron Howard


Just got back from a lecture by the director Ron Howard ("A Beautiful Mind", "Apollo 13"), sponsored by Nyfa at Warner Brothers. Awsome to get in touch with his experience!

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Acabo de voltar de uma palestra com o diretor Ron Howard ("Uma Mente Brilhante", "Apollo 13"), promovida pela Nyfa na Warner Brothers. Show de bola ver o cara de perto e ouvir ele falando sobre sua experiência!

December 03, 2010

Blog reader becomes Nyfa student after learning about the school here | Leitor do blog vira aluno da Nyfa depois de conhecer a escola aqui


On Facebook, another happy Brazilian who got to know Nyfa through this blog and became a fellow filmmaking student. Yay!

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No FB, mais um brasileiro que conheceu a escola através deste blog e se tornou aluno. Yu-hu!