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Tropa de Elite 2 (Elite Squad 2) is a sequel about Captain Nascimento, in charge of a special unit to fight drug traffic in Rio de Janeiro slums. His methods are highly questionable, like torture and massive killing. He has also to deal with corruption inside police. The first film won the Golden Bear in Berlin (2008). This sequel was already seen by 11 million people, being the most seen movie in Brazilian history. It is selected for Sundance 2011. The script is written by the Brazilian Braulio Mantovani, Academy Award nominee for "City of God" (2002). |
On this interview, the director of the biggest Brazilian blockbuster ever, José Padilha, tells why he has decided to distribute the film on his own instead of hiring one of the major Hollywood distributors that dominate the Brazilian film market.
US versus BRAZIL
"In Brazil, the producer is the most at risk in the process of producing a movie, he's the one that comes with the most money. So it doesn't make sense that we pay a high fee for distributors or leave everything in their hands, like commercial rights. In the U.S., the film is financed by distributors. So it makes sense that money from the sale of the film go to the account of the distributor, for him to retrieve his money first. But in Brazil the producer should control the revenue of the film. And if he uses a distributor, he pays this guy and not vice-versa. So I decided to ride in my producing a distribution infrastructure to jump this chain link."
"A distributor is more than an intermediary. He holds the commercial rights of films, decides how much to invest in marketing, how many theaters will show the film. He has a portfolio of films and not necessarily is interested in screening your film. The "Elite Squad 2" was screened in several movie theaters. Some major distributor would have shown the film in as many rooms? I don't know. And another question: where the distributor earns more? In a Brazilian film that he will screen or an American one that he distributes? It is likely that he favors the U.S., if he earns more. This will be one more reason for us to look closely at this alternative model."
MERCHANDISING
"I have already received a large number of proposals to make videogames, dolls and I refused all. I don't want my film, which has a serious social content, turned into a game that encourages children to shoot."
Ótima entrevista com José Padilha, diretor do megasucesso nacional "Tropa de Elite 2", publicada pela revista
Época Negócios:
“A ascensão da classe média impulsiona o cinema no Brasil”, diz José Padilha
O diretor de Tropa de Elite acredita que o cinema é, dentre as indústrias criativas, a mais cara e arriscada e, por isso, precisa de tanto incentivo. Confira a entrevista com o cineasta
Por Raquel Salgado
Shutterstock; Folha Imagem
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José Padilha dirige uma cena de Tropa de
Elite 2. Nos bastidores, o cineasta procura um
novo modelo para a indústria cinematográfica |
Sentado em cadeira, com um dos pés apoiados sobre a mesa numa das salas de sua produtora, um sobrado no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, o cineasta José Padilha, disse a Época NEGÓCIOS que o cinema é, dentre as indústrias criativas, a mais cara e arriscada. E, por isso, segundo ele, depende tanto de incentivos fiscais. Mas Padilha, que é formado em administração de empresas, afirma que o sucesso de filmes como Tropa de Elite 1 e 2 está ajudando o cinema brasileiro a se sustentar como negócio e, aos poucos, caminhar mais com as próprias pernas.
Além disso, o progresso tecnológico, que ajuda a baratear os custos de produção e de distribuição dos filmes, aliado à ascensão da classe média como um forte consumidor de produtos de lazer, na opinião do cineasta, tende a impulsionar o cinema brasileiro nos próximos anos. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Época NEGÓCIOS -Você se vê como um homem de negócios?
JOSÉ PADILHA - Minha primeira preocupação ao fazer um filme é o que vou dizer e com quem vou falar através dele. Se faço um filme como o Garapa (documentário lançado em 2008), que é para poucas pessoas que debatem o tema da fome no Brasil, desde o começo sei que é um filme de arte, vai gerar pouca receita e precisa de incentivo fiscal. Então não vou correr risco com ele, porque é um filme “anti-econômico”. Mas isso não significa que não vou me dedicar a ele. Porém, como por um acaso minha técnica de filmar e meu estilo caíram no gosto de um público grande, com o Tropa de Elite, entrei em contato com o lado comercial do cinema. Isso é bom, porque minha empresa precisa sobreviver para que eu possa fazer cada vez mais filmes. Então, quanto estou filmando, sou 100% cineasta. Quando não, participo mais do lado administrativo e de negócios da produtora.
EN- Tropa de Elite 2, além de ter sido um sucesso de bilheteria, movimentou outros negócios, como a venda de camisetas e livros. É uma forma de potencializar lucros?
JP- Sim, mas no Brasil ela ainda é irrisória e nem fomos nós que comercializamos isso. O cinema não pode depender desse tipo de receita. Até porque isso não acontece com todo filme. No Tropa de Elite, em particular, já recebi um número grande de propostas para fazer videogames, bonecos e recusei todas. Eu não quero que meu filme, que tem um conteúdo social sério, vire um videogame que estimule as crianças a darem tiros.
EN- Por que você decidiu montar uma estrutura para distribuir o filme, ao invés de ter um distribuidor externo?
JP - No Brasil, é o produtor quem corre mais risco no processo de produção de um filme, pois é o que entra com a maior parte do dinheiro. Então não faz sentido pagarmos uma taxa alta para os distribuidores nem deixarmos tudo na mão deles, como todo o direto de comercialização. Nos Estados Unidos, o cinema é financiado pelos distribuidores. Então faz sentido que o dinheiro da venda do filme entre na conta do distribuidor, para ele se pagar primeiro. Eu acho que no Brasil quem deveria controlar a receita do filme é o produtor. E se ele usa um distribuidor, então ele paga esse cara e não vice-versa. Então resolvi montar dentro da minha produtora uma estrutura de distribuição para pular esse elo da cadeia.
EN - No fim das contas, esse novo modelo de distribuição gerou mais lucro?
JP - Sim, porque um distribuidor é mais do que um intermediário. Detém o direto de comercialização dos filmes, decide quanto vai investir em marketing, em quantas salas vai exibir o filme. Ele tem uma carteira de filmes e não necessariamente tem interesse em passar seu filme. O Tropa de Elite 2 foi exibido em muitas salas. Alguma grande distribuidora teria exibido o filme em tantas salas? Não sei. E tem outra pergunta: onde a distribuidora ganha mais? Num filme brasileiro que ela vai exibir ou num filme americano distribuído por ela mesma. É provável que ela privilegie o americano, se ganhar mais. Essa á mais uma razão para a gente olhar com atenção para esse modelo alternativo.
EN - O cinema é, no Brasil, o segmento da economia criativa com a maior estrutura de incentivos. Por que isso acontece?
JP - O cinema é uma indústria criativa que, na média, é mais cara do que as outras. É mais caro fazer um filme do que um DVD, do que um site na internet, ou um CD de música. O risco envolvido no empreendimento é alto. Tanto que só existem dois lugares no mundo onde cinema é rentável sem incentivo fiscal: Estados Unidos e Índia, com Bollywood. Nos outros lugares, de um jeito ou de outro, o cinema é incentivado. A França faz isso, a Inglaterra, a China, o Japão, o Canadá, o Brasil. Nesses países, o cinema existe por uma decisão deliberada de que é necessário fazer cinema, porque através dele se exporta cultura, modo de vida, marcas. Por exemplo: as pessoas compram a calça jeans que o herói americano usa. Acho que é uma política acertada. Mas também acho que, aos poucos, é importante tornar o cinema o mais economicamente viável possível sem ou com menos incentivos.
EN - Quais os maiores entraves para que o Brasil exporte seus filmes?
JP - A língua é uma barreira. Mas ela é para todos os países, menos para o cinema americano. Eu não sou a favor de que o Brasil faça filmes em inglês. Afinal, queremos exportar a nossa cultura e a língua faz parte dela. Acho que bons produtos, bons filmes, viajam apesar da diferença de língua. Temos exemplos como Cidade de Deus, Central do Brasil e o próprio Tropa de Elite.
EN - Para crescer mais o cinema brasileiro precisa fazer sucesso também em outros países?
JP - Não acho que o cinema no Brasil deva ser orientado para o mercado internacional. O mercado nacional vale mais em termos de receita. Se paga menos por esse tipo de filme lá fora porque, sendo legendado, é apenas mais um entre centenas. Aqui não, ele é feito sob demanda para o público brasileiro. Acho que à medida que fizermos filmes com mais recursos, mais qualidade técnica e melhor dramaturgia, é provável que se consiga preços maiores para exportar. Há outro detalhe: normalmente muitos filmes são exportados empacotados. O distribuidor compra dez, vinte filmes para lançar em outros países. O crescimento do volume de produção vai nos ajudar a empacotar e exportar isso.
EN - Qual a perspectiva para o cinema brasileiro como negócio nos próximos anos?
JP - Acho que é muito positiva. Além de, tecnicamente, os filmes estarem melhores, a ascensão da classe média trouxe um novo público aos cinemas. Junto a isso, o avanço das novas tecnologias tem ajudado a reduzir os custos de distribuição dos filmes, o que poderá impulsionar ainda mais o setor.
EN - Qual o impacto da massificação do uso da internet no mercado de cinema?
JP - O cinema perde um pouco de espaço porque as pessoas podem baixar muita coisa e assistir em casa. Mas, nos Estados Unidos, já há uma mudança no padrão do consumo de cinema. Neste ano, a receita do setor foi maior do que em 2009, mas o número de tíquetes vendidos foi menor. Significa que estão cobrando mais caro. Começaram a fazer grandes espetáculos, salas diferenciadas, exibição em 3D. E aí é possível cobrar mais pelo ingresso. Aqui isso vai demorar para acontecer, porque estamos em um estágio anterior: temos uma grande quantidade de pessoas que ainda não tem acesso ao cinema. Precisamos ainda aumentar o número de salas de exibição.