April 30, 2011

Qual curso da NYFA devo fazer? Curto ou longo?


Confira acima o trailer do meu curta "Synergy", realizado no curso de 8 Semanas de Filmmaking

A New York Film Academy tem workshops intensivos de curta duração (entre uma semana e dois meses) e cursos intensivos de um ano ou mais, além de graduação e mestrado. Obviamente, quanto mais longo o curso, mais conteúdo, mais prática e mais aprendizado. Portanto, se ainda assim você me perguntar se é melhor fazer um curso de um mês ou de um ano, eu juro que vou te dar a resposta que você merece!

Antes de me perguntar também se um curso de dois meses é uma graduação (como já me perguntaram), pare e respire. Agora puxe pela memória e diga o nome de pelo menos um curso de ensino superior de qualquer área que você conheça que forme um profissional em dois meses. Não achou? Então me poupe, tá? rsrsrs

Mas voltando ao assunto. Eu comecei com o chamado 8-Week Film and Digital. É um workshop em que você escreve, produz, dirige e monta 6 curtas em crescente complexidade, começando com um de 1 minuto até chegar a um que pode ter 10 minutos. Além disso, você trabalha em pelo menos outros 12 filmes dos seus colegas de sala (como diretor de fotografia, assistente de câmera, eletricista/maquinista ou operador de boom).

Três dos seus projetos serão realizados em película 16mm, preto e branco (câmera Arriflex compacta). Os outros, serão realizados com câmera profissional digital de alta definição (como a Panasonic HVX, por exemplo) em cor.

ATENÇÃO: No primeiro mês de qualquer curso de cinema da NYFA, os curtas serão sempre realizados sem captação de som, mesmo que você faça um workshop de câmera digital. Por que? Porque o objetivo é desenvolver uma linguagem visual, contar a história somente com imagens. Afinal, a tendência de quem não tem experiência prática é usar os diálogos como muleta e fica um filme chato pra caramba, com muito blábláblá -- a não ser que você seja Quentin Tarantino ou Jorge Furtado (o curta "Ilha das Flores" é um dos melhores que já vi na vida). Além disso, seriam coisas demais pra dar conta de uma vez, né?

O método deles é de "baby steps", um passinho de cada vez. Funciona até pra quem nunca fez nada na área. Primeiro, imagens preto e branco. Segundo, imagens com cor (o que demanda muito mais know-how de iluminação). Depois, imagens coloridas com captação de som (o chamado som direto).

O penúltimo projeto do curso de 2 meses funciona como um treinamento de som direto e o último curta é pra valer, colocando em prática tudo o que você aprendeu ao longo do workshop. Veja o trailer do meu curta no topo deste post. Detalhe: A escola fornece o equipamento básico necessário para realizar todos os projetos, mas eu optei por alugar uma câmera profissional à parte. Portanto, os curtas dos workshops de curta duração não têm essa qualidade de imagem, tá?

DICA: Aconselho a fazer o curso mais longo que você puder. Qualquer curso de 1 ano ou mais está valendo. Se você não tem verba suficiente pra isso, o curso 8-Week Film and Digital é o que eu recomendo. Porque no de um mês não tem a parte de som direto que eu falei.

Em último caso, se a grana estiver curtíssima, recomendo o workshop promocional que acontece somente do mês de dezembro a fevereiro, nos campi de Nova York e Los Angeles. São 7 semanas de aula entremeadas por um recesso de 2 semanas para Natal e Reveillon, totalizando 9 semanas entre início e fim de curso. O currículo é similar ao do workshop de 4 semanas, mas com mais conteúdo e tempo suficiente para se dedicar ao último projeto já com som direto.

Leia também:


(ATUALIZADO EM JUN/2012)


PS.: Este blog foi criado por mim quando eu era estudante da NYFA para compartilhar a minha experiência de estudar cinema nos EUA e, assim, auxiliar outras pessoas que desejam trilhar o mesmo caminho. O blog reflete tão somente as minhas opiniões pessoais e independentes da escola, ou seja, a New York Film Academy não pode ser responsabilizada por qualquer conteúdo aqui apresentado. Além disso, este site não se propõe a fazer propaganda da escola nem recebe recursos para isso, apesar de atualmente eu colaborar profissionalmente com a instituição em atividades relativas ao Brasil.

April 27, 2011

How much is the 1-year Film program? | Quanto custa o curso de 1 ano de filmmaking?

Hello Gabriela,

My name is Palloma. I study theater production at university but what I really want is to make films, produce films and such ... I saw your blog and loved it, your initiative, willpower, and everything. And I was very interested in Nyfa, but it seems to be so expensive. I want to do a course in one year. I believe it will add a great deal to my resume wether in Brazil or USA. For now, I have a lot of willpower and also know that to be a great director I will have to struggle a lot. You're doing the one-year course, right? How much is the investment, only on the course? I've read that only the living costs were about $ 1,500.

I've read on Nyfa website that we have to provide proof of income to ensure our entry into the country, you know how much they ask? I also read that you must have a health insurance, right?
 
Another doubt: to be a director I have to write screenplays? I want (wanted) to do a university student exchange program, but it's so complicated. I know I'll have my expenses there and still not have completed my English course, which harms quite my way. What do you think? Is it best to finish college and try to enter Nyfa guaranteed with a good English or try the one-year student exchange?
 
Well my doubts are here, I thank you in advance for your attention, I look forward for the answers :)

Hi, Palloma:

The values ​​of the NYFA courses are all on their website (click here). The one-year Filmmaking program, where you learn to direct and pass through nearly all the positions of a set, costs $ 16,000 per semester, plus a equipment fee of $ 2,000 annually. That is, a total of $ 34,000. You must add to that the costs to produce (locations, set design, costumes, food, etc.) your short films. Plan at least $ 250 for each of the five films plus a minimum $ 5,000 for your thesis film. Those are minimum values for people that know hjow to stretch a budget. You should also add the costs of your living expenses: $ 1500 per month, which you must prove at registration, showing an account balance, for example. This is required by the U.S. Consulate to issue the student visa. This is the most important item for them. Health insurance is highly recommended but not mandatory, as far as I know.

Unfortunately, the Brazilian government does not offer scholarships for this type of course. There is also no scholarships available for foreigners at Nyfa, unless the home country provides them. Existing programs here are intended for U.S. citizens, attached to the U.S. government. There seems to be, however, the possibility of a discount scholarship for outstanding students (meaning exceptionally talented). See more about this here.

About writing screenplays and being a director read here. And about the importance of English fluency read here.

I hope that helps. Sorry if I have no better news, Palloma. Good luck on your journey. Do not give up, seek alternate routes if necessary. Take a look at the FAQs section. It has many tips in that direction.



Olá Gabriela,

Meu nome é Palloma. Eu faço curso de produção cênica na UFPR mas o que eu realmente quero é fazer cinema, produzir filmes e tal... Vi seu blog e adorei, sua iniciativa, força de vontade e tudo. E fiquei muito interessada na NYFA, mas parece ser tão cara, pretendo fazer um curso de 1 ano, acredito que isso acrescentará bastante em meu currículo seja ele para o Brasil ou EUA. Por enquanto eu tenho muita força de vontade e também sei que pra ser uma grande diretora vou ter que ''ralar'' muitoo... rs. Esse seu curso é de 1 ano certo? O investimento está lhe custando quanto, só o curso? por que para custo de vida eu li que eram uns 1500,00.

Eu li no site do NYFA que a gente tem que apresentar um comprovante de renda pra garantir nossa entrada no pais, você sabe quanto que eles exigem? Li também que é preciso ter um Seguro de saúde, é verdade?

Outra duvida, para ser diretora eu tenho que escrever roteiros? Eu pretendo(pretendia) fazer intercambio pela faculdade, mas é tão complicado, eu sei que vou ter minhas despesas lá (ou ai) e ainda nem tenho curso de inglês completo, o que prejudica bastante minha ida. O que você acha? melhor terminar a facu e tentar entra na NYFA com um inglês garantido ou tentar o intercambio de um ano?

Bom minhas duvidas estão colocadas ai em cima, eu já agradeço desde já pela atenção, espero ansiosamente resposta :)

Oi, Palloma:

Os valores dos cursos da Nyfa estão todos no site deles (clique aqui). O curso de 1 ano de Filmmaking, em que você aprende a dirigir e passa por quase todas as funções de um set, custa 16 mil dólares por semestre, mais uma taxa de uso dos equipamentos de 2 mil dólares anual. Ou seja, dá um total de 34 mil dólares. A esse valor é necessário acrescentar o custo de produção (locações, cenário, figurino, alimentação, etc.) dos filmes que você vai fazer. Planeje pelo menos 250 dólares para cada um dos cinco curtas mais um mínimo 5 mil dólares para seu curta de graduação. Isso são valores mínimos para quem sabe fazer um orçamento render. É preciso ainda contar com o valor para a sua subsistência aqui: 1500 dólares por mês, o qual você precisa comprovar no momento da matrícula, apresentando depósito bancário, por exemplo. Isso será exigido pelo Consulado Americano para emitir o visto de estudante. Esse é o item mais importante para eles. O seguro de saúde é altamente recomendado, mas não exigência, até onde sei.

Infelizmente, o governo brasileiro não oferece bolsas para esse tipo de curso. Também não há bolsas disponíveis para estrangeiros na Nyfa, a não ser que o país de origem forneça. Os programas existentes aqui são destinados a cidadãos norte-americanos, atrelados ao governo dos EUA. Parece haver, no entanto, a possibilidade de um bolsa-desconto para alunos extraordinários (no sentido de excepcionalmente talentosos). Veja mais sobre esse assunto aqui.

Sobre se é preciso escrever roteiros para ser diretora leia aqui. E sobre a importância do domínio da língua leia aqui.

Espero ter ajudado. Desculpe se não tenho melhores notícias, Palloma. Boa sorte na sua jornada. Não desista, busque caminhos alternativos se necessário. Dê uma pesquisada na seção FAQs que tem muitas dicas nesse sentido. Bjs!

April 24, 2011

My short film on LABRFF this week | Meu curta no LABRFF esta semana

My short film -- Synergy -- is gonna be screened this week at the 4th Los Angeles Brazilian Film Festival, wich will take place from Apr 27th to 30th at the Landmark Theatre. LABRFF is dedicated to showcasing the art and talent of Brazilian filmmakers in USA.

My screening will be held on Saturday (30th) at 1 pm at Landmark Theatre - Westside Pavilion (10850 W Pico Blvd Suite 520 Los Angeles, CA 90064). Another film that I worked on as script supervisor -- The Psychic (A Vidente) -- will be screened at the same place on Friday (29th), 8 pm.

Last week, Synergy won the 2011 Merit Award from the Awareness Film & Arts Festival (May 5th-8th at Regent Showcase, Hollywood). In February, my film was also screened at the 26th Clermont-Ferrand Short Film Market (France). Clermont-Ferrand Short Film Festival is the world's premier cinema event dedicated to short films. It's the second largest film festival in France after Cannes in terms of audience and professional attendance.



Meu curta-metragem -- Synergy -- será apresentado esta semana no 4º Los Angeles Brazilian Film Festival, que acontece de 27 a 30 de abril, no Teatro Landmark, aqui em LA. O LABRFF é dedicado a mostrar a arte e o talento dos cineastas brasileiros nos EUA.

A sessão será realizada neste sábado (30) às 13h no Landmark Theatre - Westside Pavilion (10850 W Pico Blvd Suite 520 Los Angeles, CA 90064). Outro filme no qual trabalhei como continuísta -- A Vidente -- será exibido no mesmo local na sexta-feira (29), às 20 horas.

Na semana passada, meu curta-metragem ganhou o 2011 Merit Award no Awareness Film & Arts Festival, que acontece de 5 a 8 maio no Regent Showcase, em Hollywood. Em fevereiro, meu filme foi exibido também no 26º Mercado de Curtas de Clermont-Ferrand, na França. O Festival de Curtas de Clermont-Ferrand é o maior evento do cinema mundial dedicado a curtas-metragens. É o segundo maior festival de cinema na França depois de Cannes, em termos de audiência e participação de profissionais.

April 16, 2011

An award to my short Synergy | Meu filme premiado em Hollywood!


Awsome news! My short film -- Synergy -- won the 2011 Merit Award from the Awareness Film & Arts Festival (May 5th-8th at Regent Showcase, Hollywood). The festival's mission is bringing awareness and opening eyes to some of our world's pressing issues; Ecological, Political, Health/Well Being, & Spirit: Heart & Soul. They showcase both Documentary & Narrative Features and Short Films.

Synergy has also been selected to the 4th Los Angeles Brazilian Film Festival, wich will take place from Apr 27th to May 1st at the Landmark Theatre. Yay! The LABRFF, founded in 2007 and directed by Meire Fernandes, is dedicated to showcasing the art and talent of Brazilian filmmakers in USA.

In February, my film was also screened at the 26th Clermont-Ferrand Short Film Market (France). Clermont-Ferrand Short Film Festival is the world's premier cinema event dedicated to short films. It's the second largest film festival in France after Cannes in terms of audience and professional attendance.



Ótima notícia! Meu curta-metragem -- Synergy -- ganhou o Prémio de Honra ao Mérito 2011 no Awareness Film & Arts Festival, que acontece de 5 a 8 maio no Regent Showcase, em Hollywood. A missão do festival é despertar a consciência e abrir os olhos para algumas das questões prementes do nosso mundo: ecologia; política; saúde, bem-estar & espiritualidade: Coração & Alma. Eles exibem longas de ficção e documentários, além de curtas.

Synergy também foi selecionado pro 4º Los Angeles Brazilian Film Festival, que acontecerá de 27/04 a 01/05, no Teatro Landmark, aqui em LA. Oba! O LABRFF, fundado em 2007 e dirigido por Meire Fernandes, é dedicado a mostrar a arte e o talento dos cineastas brasileiros nos EUA.

Em fevereiro, meu filme foi exibido no 26º Mercado de Curtas de Clermont-Ferrand, na França. O Festival de Curtas de Clermont-Ferrand é o maior evento do cinema mundial dedicado a curtas-metragens. É o segundo maior festival de cinema na França depois de Cannes, em termos de audiência e participação de profissionais.

April 09, 2011

Hollywood by a Brazilian POV 2: Inside the bubble | Hollywood 2: Dentro da bolha


In the second sharp article (below) published by one of the top Brazilian newspapers called O Globo, the producer Eduardo Levy, correspondent in Los Angeles, responds to criticism from Brazilian readers to his first article on the mecca of cinema.

According to him, the talent agents felt offended. Levy then says that the phenomenon of talent agents and their high fees is not unique to Brazil. In the U.S., for every successful actor there is an army of agents, managers, public relations, lawyers, stylists and bodyguards sucking the actor's blood, involving them in a bubble, protecting them from reality.

* Check the first article of the series here: Stay in Brazil



Confira o segundo artigo publicado pelo correspondente do jornal O GLOBO (RJ) em Los Angeles, Eduardo Levy, no qual ele segue desmistificando todo o glamour em torno da indústria cinematográfica americana.


* Leia o primeiro artigo da série aqui: Fica por aí mesmo

April 02, 2011

How can a foreigner get a filmmaking work permit in U.S.? | Como trabalhar legalmente em cinema nos EUA

Photo: Julianareed.net

Several people have written me asking how to get a work visa here in the U.S., and if it's easy to work in the film industry in LA. To begin, I would say it is not impossible, but it's not easy as well. So I'm gonna tell you what I found out in the last two weeks on the topic.

Salary payment in the U.S. is associated with the Social Security Card (SSC), a document similar to the Brazilian Cadastro de Pessoa Física (CPF). Without it, we can not legally work here. The entire financial credit system is tied to it, making it virtually impossible to get financing and even store credit cards if you do not have this SSC.

Okay, we know that illegal immigrants come here to work, but are generally underpaid and underemployed, not in a position to demand their rights. Generally, they perform activities necessary to society but that Americans wouldn't care of doing: cleaning, valets, kitchen assistants, liquor store clerks. Even on trying to be a waiter you have to compete with thousands of American actors who come here attracted by the fame and fortune. That is, needless to say that fimmaking is not an activity devalued by Americans, does it?

In the film industry, work rules are very strict. Production companies strictly obey the law and hire only those who can legally receive a salary. There's no Brazilian way around it. I heard that main TV channels only hire if you have, in addition to the SSC, a resident visa, especially when it comes to actors.

I'm living for nearly a year in the U.S., but I'm still considered an exchange visitor (non-resident) by the U.S. government, you know? A student visa is valid only if tied to an educational institution at which you are registered and does not allows you to work, even part time - unlike many European countries.

Another factor to be taken into account by foreigners wishing to study filmmaking at Nyfa is that, as I explained in previous posts, the courses are intensive. There are classes and activities all day, sometimes for 10, 12 hours. So I cannot imagine how anyone could, while studying at Nyfa, work (even illegally). Forget it.

However, the U.S. government very kindly gives us a chance to improve our knowledge in the film industry: it is called Optional Practical Training (OPT). The visa does not change, you'll still be a student/visitor linked to a film school. But during a period of 12 months after graduation, you receive the Social Security Card and can work legally.

Note: only courses with a duration of one year or more are entitled to apply for this privilege. Do not even think about coming to a course of a month believing you can work legally after that, no way.

The OPT has a huge list of rules and paperwork, but to summarize: it costs $ 380 to submit; once the program starts you cannot be unemployed for more than three months or you lose it; you must work at least 20 hours weekly, not necessarily on a paid gig (colaborate on student films surprisingly counts as work); is not allowed to study while on OPT. Another important point: the school helps you with all the paperwork, but getting the job is up to you. Well, in Brazil I've never saw a college arranging employment for former students, so I do not see why it would be different here, right?

Moreover, OPT can only be requested once. For the smartasses: one can not make a two-year course, studying the half of it, stopping, saving money during OPT, then doing the second year and asking for another OPT. Forget it.

And after the OPT, what happens? There are several options, I can think of some promptly: 1) One of the companies that hired you gets really impressed with your talent and decides to sponsor your stay in the country, hiring lawyers and filing a lengthy and complicated process to change your visa into resident and ensure that you continue working for them. 2) You pack your bags and return to Brazil with a freaking great experience and chances of getting a good position in the area. 3) You stay in the U.S. doing one of the aforementioned underemployed activities, dreaming of becoming famous filmmaker, without however being able to work in any promising production because you're illegal.

Well, that's pretty much it. I think you got the big picture, right? If you have more questions about it, you can send me an email. Guess in which section of the blog you can find it? Yay: Contacts! (duh).



Photo: f.i.g.h.t c.l.u.b.

Várias pessoas têm me escrito perguntando como conseguir um visto de trabalho aqui nos EUA, e se é fácil trabalhar na indústria cinematográfica de LA. Pra começar, eu diria que não é impossível, mas também não é moleza. Então vou contar o que eu levantei nas últimas duas semanas sobre o tema.

Nos EUA, o pagamento de salário está associado ao Social Security Card (SSC), um documento semelhante ao nosso Cadastro de Pessoa Física (CPF). Sem ele, não há como trabalhar legalmente aqui. Todo o sistema de crédito financeiro está atrelado a ele, tornando praticamente impossível conseguir financiamentos e até cartões de créditos de lojas se você não tem esse SSC.

Tudo bem, é sabido que imigrantes ilegais vêm pra cá trabalhar, mas são subempregos geralmente mal remunerados e a pessoa tem que se sujeitar a qualquer coisa porque não está em posição de exigir seus direitos. Geralmente, executam atividades necessárias à sociedade mas que os americanos não morrem de amores por fazer: faxina, guardar carros, ajudante de cozinha, balconista de mercearia. Até pra ser garçonete, é preciso disputar vaga com os milhares de atores americanos que vêm pra cá atraídos pelo sonho de fama e fortuna. Ou seja, nem preciso dizer que cinema não é uma atividade desvalorizada pelos americanos, preciso?

Na indústria cinematográfica, as regras de trabalho portanto são bem rígidas. As produções obedecem estritamente a lei e só contratam quem pode receber salário legalmente. Não há jeitinho brasileiro que dê jeito nisso. Ouvi dizer que os grandes canais de tevê só contratam se você tiver, além do SSC, um visto de permanência no país, principalmente quando se trata de atores.

Mesmo morando há praticamente um ano nos EUA, sou considerada visitante de intercâmbio (não-residente) pelo governo americano, entende? Um visto de estudante só é válido se atrelado a uma instituição de ensino na qual você está matriculado e não dá permissão para trabalhar, nem por meio expediente -- diferentemente de vários países da Europa.

Outro fator a ser levado em consideração por estrangeiros que pretendem estudar na Nyfa é que, como já expliquei em posts anteriores, os cursos são intensivos. Há aulas e atividades o dia todo, às vezes até por 10, 12 horas seguidas. Portanto, não consigo conceber como alguém poderia ao mesmo tempo estudar na Nyfa e trabalhar (mesmo que ilegalmente). Esqueça.

No entanto, o governo americano mui gentilmente, nos proporciona uma chance de aprimorar nossos conhecimentos no mercado cinematográfico: chama-se Optional Practical Training (OPT). O visto não muda, continua sendo de estudante/visitante atrelado à instituição de ensino de origem. Mas, durante um período de 12 meses após a sua graduação, você recebe um Social Security Card para trabalhar.

Atenção: somente cursos com duração de um ano ou mais dão direito a solicitar esse privilégio. Nem pense em vir fazer um curso de um mês e achar que vai poder trabalhar aqui legalmente, não rola.

O OPT tem uma lista imensa de regras e papelada, mas resumindo: custa 380 dólares pra solicitar; uma vez no programa você não pode ficar desempregado por mais de três meses ou perde a chance; é preciso trabalhar por pelo menos 20 horas semanais; não precisa ser necessariamente remunerado (participar de curtas estudantis surpreendentemente conta como trabalho); não é permitido estudar enquanto está no OPT. Outro ponto importante: a escola te ajuda em toda a documentação, mas conseguir o emprego é por sua conta. Se no Brasil é assim -- nunca vi faculdade arranjando emprego pra ex-aluno --, não vejo porque aqui seria diferente, certo?

Além disso, o OPT só pode ser solicitado uma vez. Ou seja, pros espertinhos de plantão, não dá pra fazer um curso de dois anos, cursando a metade, parando, fazendo OPT e juntando dinheiro, depois fazendo o segundo ano e pedindo outro OPT.

E depois do OPT, o que acontece? Há várias opções, as que consigo pensar de pronto: 1) Uma das empresas que te empregou fica encantada com seu talento e resolve patrocinar a sua permanência no país, contratando advogados e entrando com um extenso e complicado processo pra mudar seu visto para residente e garantir que você continue trabalhando pra ela. 2) Você arruma as malas e volta pro Brasil com uma puta experiência e grandes chances de conseguir uma boa colocação na área; 3) Permanece nos EUA em um dos subempregos citados acima, sonhando em se tornar cineasta famoso, sem no entanto poder trabalhar em nenhuma produção promissora porque está ilegal.

Bom, é isso. Acho que deu pra ter uma boa idéia do quadro, né? Se tiver mais dúvidas sobre o assunto, pode enviar pro meu e-mail. Adivinha em que seção do blog está? Acertou: Contacts! (dã).